sábado, 26 de março de 2016

Filosofia Natural e Filósofos da Antiguidade

Na Grécia Antiga, a partir do século VI a.C, se iniciou o desenvolvimento do espírito científico, marco fundamental da evolução do pensamento humano e advento da Ciência abstrata. Nesse período os gregos foram os primeiros a romper as algemas do conservadorismo religioso e assim libertar a razão através das observações feitas por seus filósofos sobre a natureza que os cercava. Com isso conseguiram desenvolver o pensamento em varias áreas da educação, da arte, do direito, da politica e da filosofia, se tornando assim os criadores da Ciência e os iniciadores do espirito científico.

O primeiro período da filosofia natural corresponde aos séculos VI à V a.C. e é chamado de período pré-socrático. Nessa época a observação sistemática e a capacidade de abstração revelaram não serem desconexas com as contínuas modificações no Mundo e no Homem, e que tais fenômenos deveriam ser vistos como naturais, sem recurso ao transcendental ou ao sobrenatural.

Filósofos Pré-Socráticos:

1 - Tales de Mileto (624 - 558 a.C.)
Primeiro filosofo grego, Tales foi pioneiro no espírito científico. Defendia a vida e a atividade como sendo inerentes à matéria, ou seja, não acreditava em forças exteriores e divindades controladoras. Para ele tudo derivava da água, o elemento primordial.
Com esse raciocínio ele explicou o terremoto usando a sua ideia de Terra Flutuante. Em que ela era plana, em forma de disco e flutuava na água.
Foi o primeiro a fornecer explicações naturais, e não sobrenaturais, sobre o Mundo. Exemplificando as qualidades do pensamento científico.
2 - Pitágoras (580 - 497 a.C.)
Estabeleceu-se em Crotona onde fundou a primeira escola de Matemática.
Acreditava na transmigração das almas e na reencarnação, que a sabedoria era exclusiva das divindades e que o conhecimento chegava aos homens por inspiração divina.
Para Pitágoras, o princípio de tudo era o número, elemento básico da realidade, que explicaria a harmonia universal ou a concordância dos discordantes - seco e úmido, frio e quente, bom e mau, justo e injusto, masculino e feminino... Dizia também, que toda a natureza era feita à imagem dos números e que tudo no universo era harmonia e número.
Ele e sua escola defenderam que a terra era esférica e possuía movimentos de rotação e translação.
3 - Heráclito (540 - 470 a.C.)
Heráclito buscou uma substância capaz de se transformar em todas as outras: o fogo. O Mundo seria um fogo permanentemente vivo, que se transforma em todas as coisas, e que retornam a ele num ciclo perpétuo. Para ele o mundo não foi feito por deuses e homens, mas era, é e será um fogo sempre vivo.
Assim, para Heráclito, tudo estava em estado de perpétua mudança, de tal forma que tudo o que percebemos com os sentidos é transitório, nada jamais é, tudo flui como um rio, tudo muda.
Percebeu a participação simultânea dos sentidos e da Razão na construção das Ciências: “os olhos e os ouvidos são maus testemunhos, se a mente não interpreta o que eles dizem”.
4 - Empédocles (490 - 435 a.C.)
Empédocles tem um lugar de relevo na História do pensamento grego, pois substituiu a busca jônica por um único princípio (água, ar, fogo) pelos quatro elementos: água, ar, fogo e terra, (dotados de graus variáveis de umidade, de secura, de calor e de frio) que são eternos e não são gerados, e que mudam aumentando e diminuindo mediante mistura e separação, decorrentes, respectivamente, do Amor (atração) e do Ódio (repulsão).
Para Empédocles, “não há nascimento para nenhuma das coisas mortais, como não há fim na morte, mas somente composição e separação, mistura e dissociação dos elementos". 

Filósofos Pós-Socráticos:

1 - Demócrito (460 - 370 a.C.)
Demócrito foi o maior expoente da teoria atômica ou do atomismo. De acordo com essa teoria, tudo o que existe é composto por elementos indivisíveis chamados átomos e o cosmos é formado por um turbilhão de infinitos átomos de diversos formatos que jorram ao acaso e se chocam.
Avançou também o conceito de um universo infinito, onde existem muitos outros mundos como o nosso.
2 - Hipócrates (460 - 370 a.C.)
Hipócrates é considerado por muitos uma das figuras mais importantes da história da Medicina, frequentemente considerado "pai da medicina", pois começa a estudar a fisiologia e a anatomia desligando-se do mundo espiritual.
Para o estudioso grego, muitas epidemias relacionavam-se com fatores climáticos, raciais, dietéticos e do meio onde as pessoas viviam. Muitos de seus comentários nos Aforismos são ainda hoje válidos. Seus escritos sobre anatomia contêm descrições claras tanto sobre instrumentos de dissecação quanto sobre procedimentos práticos.
3 - Platão (427 - 347 a.C.)
Para Platão, a especulação filosófica sobre o Universo era mais esclarecedora que a observação precisa, por isso interessou-se mais pela Filosofia Moral do que a Filosofia Natural(Ciência) e escreveu sobre Política, sobre a arte de governar e sobre a concepção da Sociedade humana. Demonstrou, contudo, interesse pela Astronomia, particularmente por uma explicação matemática dos movimentos dos planetas. 
Desenvolveu a teoria das ideias, nas quais as ideias, constituem um mundo suprassensível, onde são subsistentes por si mesmas, imateriais, eternas e divinas, e os objetos revelados pelos sentidos são meras sombras deformadas e perecíveis onde tudo o que vemos nada mais é que aparência.
4 - Aristóteles (384 - 322 a.C.)
Aristóteles é considerado por muitos como o maior filósofo, pensador e cientista da Antiguidade e como um dos mais eruditos de todos os tempos. Escreveu sobre Física, Matemática, Biologia, Astronomia, Botânica, Zoologia, Psicologia, Política, Lógica e Ética.
Foi, também, o primeiro pesquisador científico, no sentido moderno da palavra, e extraordinário impulsionador do desenvolvimento do espírito científico.
Aristóteles criou a Lógica (chamada por ele de Analítica), estudo dos processos do pensamento no ato de atingir e compreender a natureza das coisas, ou seja, o estabelecimento das leis do raciocínio.
Para Aristóteles, o entendimento humano começa com a percepção dos sentidos; antes de qualquer experiência sensorial, a mente humana é como uma tábua lisa, sem nada escrito, mas com potencialidade em relação às coisas inteligíveis. 
Bibliografia: História da Ciência, Da Antiguidade ao Renascimento Científico, Carlos Augusto de Proença Rosa, 2ª Edição.